28 de nov. de 2007

Fazenda

- por Karol Felicio

O que era tronco, era açoite, agora é almoço e não é mais senzala. Cheiro de comida boa. Para comer até amarrada.

Era engenho, moinho, cana, açúcar, cachaça. Era mão calejada e suor. Agora ornamentação.

E os que já foram, hoje são tudo para alguns e retratos pregados para outros. Guimarães Rosa, Chico Xavier, Adélia Prado, Dona Beija. Poetas, figuras, imortalidade.

Esporadas e o cavalo corre, a brisa gelada dilata o pulmão e o coração. Trota, relincha, cansado. E o que era necessidade hoje prazeres brutos.
Ancestralidade.

E a paisagem que era, ainda é, ainda desperta os sentidos de uma forma bem particular. Cheiro de mato, terra molhada, fazenda, estrume, carrapato.

Lindas Minas. Mineração, ouro, diamante, ferro. Trabalho, sangue, dor e morte. Valioso e bruto quilate.

O que era, o que é, o que não é o que parece, o que não existe mais...
Porque tudo, ou quase, é uma questão de ponto de vista e tempo.

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