21 de set. de 2010

Descolorindo

- por Karol Felicio


O cansaço bateu no relógio às dezoito e quinze. Mas já eram vinte.
Meu relógio atrasou.

Não deu conta de acompanhar meu dia.
E toda essa inquietude de idéias, planos e prazos.

Meu relógio descompassou com a minha velocidade.
O coração adiantou.

Meus batimentos correm mais acelerados que minha vida, que corre mais rápido que meu relógio, que parece caminhar ouvindo pássaros.

Não tenho conseguido ouvir os pássaros.
Nem meus próprios passos. Atropelados.

Meus pensamentos têm corrido num vai-e-vem frenético. Aritmético.
Seguindo em frente. Pulando.

Mal tenho conseguido olhar as cores.
Esse é meu medo.

De tanto correr, que a minha vida fique.
Em preto e branco.

6 comentários:

Jordan disse...

Cabeça à mil,acontecimentos mil...tudo muito bem expressado como sempre...
Fase boa.

Janine disse...

Adorei....
Retrata muito bem nossa correria do dia a dia. Beijo.

Liz Motta disse...

Esta passagem nos leva a uma discussão infinita sobre a relatividade do tempo e sobre o mecaniscismo da humanidade e do mundo, desse grande, complexo e interdependente ecossistema do qual somos uma pequena particula integrante. E qual nosso papel? Descartes começou tudo quando proferiu a premissa: _Penso, logo existo. Pois eu com toda minha pretenção digo: Experimento, logo existo, sinto! Religar o tempo de quando ainda tinhamos tempo pra viver e não viver pro tempo. Cada dia suas poesias são mais densas, parabéns.

Filhas da Pagu disse...

Janine e Jordan, sempre por aqui, muito obrigada!

Pois é Liz, fazer o tempo trabalhar para nós é realmente uma arte. Viver e sentir no meio de todo esse turbilhão diário também!Obrigada pela visita. Um beijo

Karol

Anônimo disse...

De tanto correr, que minha vida passe mais rápida do que eu.

Linda, Linda e Lindo texto, como sempre!

Anônimo disse...

amiga, Amei..esta lindos seus poema..sou sua fã. sabe que estou dando aula de portugues aqui? vou postar ums poeminhas seu no meu blog. Ta.

um beijo e muita saudades