11 de nov. de 2008

Bode Véio

- por Karol Felicio

Como não podia evitar a queda
Cuidou
Protegeu degraus,
Estofou todos eles
Mandou talhar cúpula de cristal
Para que cair não doesse assim


Pegou-a pela mão
- Não queria que andasse só -
Mandou buscar um bode no sertão
Só para ser diferente dos outros
Seu bichinho de estimação

Comprou, vendeu, trocou, desperdiçou
Atirou uma caixa de tomates maduros ao chão
Para brotar um sorriso, gargalhar

Mandou chamar Luiz Gonzaga só para tocar
Mesmo que fosse muito cedo
Um dia gostaria do baião
Da rede, do cheiro, do xote, do xenhenhen e da sanfona
“Carolina, humm, humm, hummm”

Aborreceu(-se), contrariou(-se), magoou(-se)
Porque ela cresceu, engatinhou, andou
Voou para longe
Mas resignou(-se), acalmou(-se), alegrou(-se)
Porque ela sempre voa de volta

Lapidou uma pedra forte
Daquelas que não se abalam, daquelas que não se apegam
Daquelas que fingem e mentem quando negam
Que a maior queda é ter um dia de largar a sua mão.

13 comentários:

Insolente disse...

é a lei, desperdiçar qualquer coisa só por um sorriso...aliás, qualquer desperdício vale. Sorriso transcende.

Beauvoir disse...

Um dia todos crescem, um dia todos vão: agora, diz isso a meu pai!rs
Beijos

Unknown disse...

Lindo!e de onde vem, incessante! Bj

Anônimo disse...

"Lapidou uma pedra forte
Daquelas que não se abalam, daquelas que não se apegam
Daquelas que fingem e mentem quando negam
Que a maior queda é ter um dia de largar a sua mão."

Perfeito como sempre. Flor, adoro ler-te. Muuito.
beijosss

Anônimo disse...

Linda.

Acho que viajamos juntas. rsrsrs

Me diz: vc tem msn?! Me add: celis_publisher@hotmail.com

beijos

Éverton Vidal Azevedo disse...

Nao sei porque, ou sei porque, lembrei de história do Nordeste (muito parecidas com as do meu Norte).

História de bodes véios doidos por cabritinhas, que criam asas e vao embora.

Aborreceu(-se), contrariou(-se), magoou(-se)
Porque ela cresceu, engatinhou, andou...

Lapidou uma pedra forte...
Que a maior queda é ter um dia de largar a sua mão.


Karol tu tem um estilo muito legal, muito bom, é por isso que eu volto sempre aqui.

p edro disse...

Porque ela sempre voa de volta... - repetia a pequena princesa, incessantemente[...]

Éverton Vidal Azevedo disse...

Oi Karol. Desde os primeiros versos eu me liguei naquele lance nordestino/areno do bóde véio e me ceguei completamente ao lado paternal no poema.

Também gosto das diferentes interpretaçoes, daquela coisa do leitor-livre para interpretar o que fisgou, mas nada se compara a compreender a intençao do autor. Valeu, entao, e reli de novo.

Bj!

Anônimo disse...

Obrigada, flor. beijos

Antonio Sávio disse...

Lindo.

Larissa Santiago disse...

carolinaa hum hum hum!!!
viva o Rei!

Jeovanna Maria disse...

Meu preferido.

Ele vai estar sempre cuidando.

Beijos!

Manu disse...

Tu, eu ainda leio os seus pensamentos...
Beijos, Manu.