- por Karol Felicio
E me caça esse olho de águia
Sem pudor, sem freios, sem fala
Com a força que vem e me cala
Há quilômetros, por instinto, veloz
E me larga indefesa, estática
Acuada, imóvel, amarrada
À espreita, um bicho, uma tara
Uma presa, frente-a-frente, o algoz
E te espero, sem resistência
E me exponho como banquete
E me entrego ao seu deleite
Te recebo, um animal
Fareja, envolve, invade
As gotas de suor que calham
Derretem meu rosto que arde
Minha boca concede e se abre
E só me despregue esses olhos
- nervosos de águia –
No buraco do tempo em que a música acaba
Na cera que derrete da vela que apaga
E a brasa queimada no canto da sala
Refaz o cenário da noite que cai
De um suspiro esgotado
Um corpo enxarcado
Um calor esganado
E minh’alma que vai
15 de mai. de 2008
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7 comentários:
Não conhecia este seu lado poeta, parabéns!
Beijão,
Eiiii, vc é minha poetisa predileta.
Parabens, ficou muito bom adorei.
Bjão
Maravilha!
Pessoal e universal, adoro isso.
Que forte! Maravilhoso!
Concordo, são universalidades e, ao mesmo tempo, memórias pessoais.
Nossa Karol, estou impressionado, adorei tudo que li, achei maravilhoso seu jeito de escrever, sem pudor, sem filtro, de forma transparente e clara, com um toque sutil de utopia, de quem ainda não perdeu as esperanças, nem no amor e nem no "outro". Adorei suas poesias e a maneira sensível e selvagem ao mesmo tempo com que você se mostra, se escancara, com uma doçura e uma fúria, que nos ainge de forma avassaladora. Quem não tem olhos de ver, não consegue te enxergar como você é, existe um brilho escondido aí que fica meio entre uma casamata e umas trincheiras, mas se olhar "direito" pode-se ver alí iluminando em volta...Lindo, amei essa em especial.
Amiga,
Estou viajando até agora nos textos...
"corpo enxarcado,calor esganado..." Noooossa!
Vc é única!
BjOO
Aliny Goobe
muito bom mesmo!!!
vou continuar lendo o arquivo!
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