30 de set. de 2007

O Mago

- por Karol Felicio
Na terra dos índios e dos ritmos tribais
Eu vi um mago
De jovens e longos cabelos brancos
Um semblante de paz
E sandálias rasteiras cruzadas sobre a grande almofada colorida

A brisa não poderia ser nem mais quente,
Nem mais fria.
As luzes irradiavam cores.
Os sons mais lindos disseminavam das mãos do mago
Enchendo as mentes de brilho
Seres transcendendo no espaço
Uma energia musicalmente surpreendente

Fitei-o por algumas horas
Até o tempo que meu coração se satisfizesse das cores cantantes que brotavam de suas mãos
Agradeci com um sorriso
Ele, com alegria no olhar,
Retribuiu com uma reverência.
Amém!

Ecumenia

- Por Lívia Francez

Bate seu tambor e me hipnotiza.
Fuma seu cachimbo, eparrei!
Tuas oferendas lhe trarão ótimas graças
Confia no teu Deus que ele está por você.

Salve!

Não temas, tens o corpo fechado,
São Jorge te protege, o dragão não alcançará.
Baforada pra selar
Sua alma vai mais leve pra buscar sua verdade.
Reza vela, bate forte, aumenta o ritmo
Roda, ri e faz careta.
Alcança o nirvana, professa sua fé.
Ele te protege.

29 de set. de 2007

Boyz’n’Grrrls (Esse é muito grande mas é bom! Com o perdão do trocadilho... rs)

- por Karol Felicio e Lívia Francez
O que você prefere? Para qual lado da moeda você olha? Onde termina a modernidade e começa a promiscuidade? O que é liberdade pra você? Em pauta sexo: amor e necessidade.

Homens podem sair à caça, certo? Mulheres não, pega mal. A não ser que elas queiram fazer a linha discreta, separando sexo de sentimento, discernindo até onde ir. É um jogo bem difícil. Só pra iniciadas. Não meter (ui!) os pés pelas mãos, e acima de tudo, confiar no próprio taco e se valorizar. Muita coisa pra conciliar, muito pensamento pra formular. Se joga!

Uma pequena introdução só pra botar (tô demais!) mais lenha na fogueira. Na batalha entre os sexos, entre a vontade de fazer sexo e o pudor de macular a imagem. Um ponto muito simples, necessidade básica, questão fisiológica. Natureza humana.

Mulher gosta de beijo, de amasso, de chamada. Mulher gosta de carinho, declarações e surpresas. Gosta de sexo sem compromisso, mas também busca uma relação estável. Mulher (senão por eles) não vê problema em transar no primeiro encontro, não acha que valha menos por isso. Mulher sabe do seu valor. Mulher... mulher gosta!

Um ser sagaz que sabe onde pisa, que não tem medo do escuro que é segura das suas escolhas. Que não deita diante de mais um otário no seu caminho. Que encara e sabe se livrar de situações – limite. E quando menos se espera, ao menor sinal de despreparo, está zunindo, à procura de outro que melhor se encaixe no seu mundo. Que não julgue, que esteja à frente. Sem caretice, que a veja como mulher e não um pedaço de carne exposto.

Atenção e sensibilidade. Deixa que o compromisso a gente decide mais tarde. Não é muito, só fazê-la sentir-se confortável, amparada e segura de que não é mais um boçal na estrada. Um erro, uma ruga, um cabelo branco. Quer alguém que aprecie o banquete, e não se contente com o couvert. Que explore tudo de bom que ela - por trás dos peitos - pode oferecer. Que desvende o enigma atrás dessa figura de força e aparente indiferença. Não se engane, o ar blasé é só um disfarce, um pedido pra que você abra a caixa de Pandora e desfrute dos segredos mais obscuros da natureza feminina.

Calma lá, não vamos pedir demais!

Tudo bem, são muitos os mistérios e as vontades, não caberia a nós escravizar as pobres almas desses... machos! Que também não tenham tamanha pretensão, seria chaaaato, deixemos essa parte para os terapeutas. Mas pelos menos atentem para detalhes básicos que fazem toda a diferença.

Muito se ouve falar de emancipação feminina, mulheres no comando, tomando as rédeas, metendo a cara, partindo pra ação. Mas será que a macharada está preparada pra todo esse ímpeto de ousadia e atrevimento? É uma questão muito simples. Enquanto nós mulheres, formulamos todo um pensamento, um plano de ação acerca do objeto de desejo, eles, os homens, são muito mais claros em relação às próprias intenções: "Se der mole, eu pego mesmo!".

Mas o que eles não sabem é que as amazonas modernas ainda conservam as mulherzinhas que foram suas avós. Elas só querem um sorriso, um olhar...( chegar puxando o cabelo é pior que usar pochete). Querem uma conversa interessante, alguém que abra a porta... e isso não é careta. Querem que ele ligue no dia seguinte, nem que seja por educação. Querem bom dia, boa noite... e quem sabe uma surpresinha à tarde?! Querem que ele tenha opinião, que escolha o programa de hoje, nem que seja para discordar. Querem saber como foi no trabalho, mesmo que não tenham muito a acrescentar. Querem discutir política e segurança pública (acorda, faz tempo que ela não é uma bonequinha de luxo!). Querem uma trepada inesquecível, e querem conversa e comidinhas para depois do amor. Querem uma respiração quente e ofegante, mas um colinho e um cafuné fazem tão bem! Querem acreditar que são exclusivas, incomparáveis e indispensáveis, mesmo sabendo que ele vai olhar a primeira gostosa de biquíni vermelho (pelo menos seja discreto!). Querem ser orgulho, ser parceira, ativa, necessária; não apenas no porta-retrato da sua cabeceira. Eles dizem que elas só "querem, querem, querem" e no fundo elas não querem nada de mais.

É certo meninos, que a hora é de "pegação", muito previsível. Os homens e a síndrome de Peter Pan, eternamente crianças... mas o tempo passa e uma hora você vai cruzar a esquina e se deparar com ela e isso será mais forte que o macho pegador que existe em você! E você meu bem, vai ajoelhar e pedir colo! Mas estará tão destreinado, tão superficial (afinal são anos de trepadas fáceis) que ela vai te olhar e não vai enxergar mais nada além de capa, um playground para as mais frívolas fantasias.

Uma dica de ouro: comece agora... a prática não leva à perfeição? Mãos a obra! Respeito, admiração e carinho. Cumplicidade, Companheirismo e amizade. Fogo, fungada no cangote e sexo oral. Não engorda, é legal e não faz mal.

Delivery

- por Karol Felicio

Um brinde às paixões instantâneas

Das salas de consultório
Das mesas dos bares
Dos coletivos
E das calçadas

Um brinde às paixões de muitos olhares e poucas palavras
Ah como são leves, são fortes, livres e eternizadas pelo momento!
Um brinde a elas que ardem e não queimam, àquelas que não completam o ciclo, não discutem a relação e não morrem.

Um brinde com champagne ao drive thru!

28 de set. de 2007

300 páginas de travessuras

-por Karol Felicio

Quando esse livro caiu em minhas mãos veio acompanhado de um comentário sacana que me levou a pensar “Nossa, tenho 300 páginas de uma narrativa erótica para devorar, que delicia!”. Qual não foi a surpresa quando descobri que muito mais que cenas picantes o livro discorre sobre uma história de amor num cenário que te leva a uma verdadeira retrospectiva cultural pelo mundo e pelo tempo.

Não é uma historinha romântica, água com açúcar, é um romance de amor que foge do lugar-comum justamente por ser mais real do que muitos romances literários.
O personagem principal Ricardo, um homem sem grandes ambições, narra em primeira pessoa, a sua vida, tendo como ponto de foco seu grande amor, uma aventureira, fria e manipuladora que muda de nome e de marido de acordo com seus interesses. Arrisco dizer que, guardadas as devidas proporções, Lily (seu primeiro nome) é a caricatura de um tipinho de mulher bem comum nos dias atuais.

O romance começa na infância de “Ricardito” com a “Chilenita”, no Peru, e é marcado por encontros e desencontros no decorrer de quatro décadas. Na Paris revolucionária dos anos 60; na Londres recheada de drogas, cultura hippie e amor livre dos anos 70; na Tóquio dos grandes mafiosos; e na Madri de transição política nos anos 80. Portanto mais que uma conturbada história de amor a narrativa retrata um panorama de transformações, sócio-político-culturais, da América Latina e da Europa, interessantíssimo.

O amor de “Travessuras da menina má” é doloroso e turbulento e mostra como um homem pode ficar nu, despido de qualquer dignidade, pudor e amor próprio em nome de uma mulher. Ao mesmo tempo como uma mulher pode passar por cima de qualquer valor em nome de dinheiro e status.

O autor insere com grande sensibilidade as tramas e os personagens secundários na história e faz com que o leitor se identifique e se compadeça com eles também.

Ler essa narrativa traz à tona sentimentos diversos. A leitura é ágil, moderna, empolgante, angustiante, excitante, envolvente, cômica, triste, dolorida e prazerosa. Assim que o livro acaba, e passa a sensação de choque, dá vontade de voltar e ler tudo novamente.

SOBRE O AUTOR
Mário Vargas Llosa é jornalista, dramaturgo, ensaísta, crítico literário e um escritor consagrado internacionalmente. Nasceu em Arequipa, Peru, em 1936 e mudou-se para Paris nos anos 60. Já lecionou em diversas universidades americanas e européias e transitou pela carreira política candidatando-se a presidência do Peru em 1990, mas perdendo para Alberto Fugimori. O autor vive entre Londres, Paris, Madrid e Lima.

Dentre a vasta produção literária destacam-se alguns romances como Conversa na Catedral, Pantaleão e as visitadoras, Tia Júlia e o escrevinhador e Cartas a um jovem escritor.


Da série "Mulheres que fazem a nossa cabeça": Céu

-Por Karol Felicio e Lívia Francez

Não, ela não é parecida com essas novas cantoras que bombam nas FMs, ela não imita ninguém, ela não vai nutrir o desejo da mídia pelo comercial, vendável ou óbvio. Ela é sangue novo, é ar fresco, é mais uma brisa que sopra nessa música brasileira que tem estado bem insossa. Ela é a Céu, horizonte de quem não quer mais ouvir sons pré-fabricados.

Ela caiu nos nossos ouvidos em meados de 2006 e foi um tapa. Daqueles que tiram a gente do lugar e provocam questionamento. Quem é essa pessoa? Que voz é essa? Estava super precisando disso!

O cd homônimo foi lançado em 2005 e já chegou sob o crivo do produtor musical Beto Villares, ou seja, já é bom de partida. Variadas referências fizeram o som da Céu uma profusão de estilos. A trajetória das músicas vai da raiz africana, batidas de tambor, atabaques, samba à levadas eletrônicas, reggae, dub, jazz e afrobeat. Raiz e modernidade. Além ser co-autora de 12 músicas das 15 músicas traz ainda nova roupagem à canções já consagradas como “Concret Jungle” (Bob Marley), uma releitura excepcional. Enfim, brasilidade absoluta.

Uma linha bem experimental, que à primeira ouvida (a não ser pela voz forte, doce e segura da Céu) pode causar estranheza. Mas logo na primeira música ela faz cair por terra qualquer pé atrás que o ouvinte (sortudo) poderia ter. Mensagem, meus caros. Agrada em cheio às mulheres, já que é tudo o que elas gostariam de dizer. E groove, que possibilita aos quadris se soltarem, a ginga, funciona na pista.

Tem uma banda formidável, gente nova e com vontade, originalidade e técnica pra mandar um som único, singular, moderno. Dá pra notar no decorrer do álbum que eles têm espaço pra mostrar a que vieram. Muitas vinhetas instrumentais, músicas inteiras em que fica claro que há uma banda de responsa por trás da bela voz.

No palco ela emerge toda a sensualidade de um clima introspectivo, é intensa, provocante, tem um charme desencanado e além de tudo é bonita. Enfim, abre a boca, solta o quadril e hipnotiza.

O céu não é o limite pra ela. Musa, alívio e alegria. Sacode toda a caretice e bota pra dançar!

Quer conferir "a voz "? Tem esse vídeo aqui do programa Ensaio, da Cultura!

27 de set. de 2007

Você por aqui?

Sim, é o que vocês estão pensando... Mais um blog! E calma lá porque não é qualquer um não. Aproveitando a democratização da rede vamos metendo o pé na porta pra abrir nosso espaço.

Esse não é um espaço sexista, mas tudo tem o ponto de vista feminino. Não esperem encontrar o lugar-comum aqui, ele simplesmente não existe.

Esse é um espaço democrático, por isso mesmo vamos postar o que tivermos vontade e vocês façam as críticas que quiserem.

Fiquem à vontade, acendam um cigarrinho, um incenso (para os mais saudáveis) sirvam-se, devorem-nos!