22 de jul. de 2011

Um bom conselho




- por Karol Felicio

Com o passar dos anos tenho percebido – surpreendida - que os melhores conselhos vêm da minha avó. De outros conselhos, tenho que tirar a casca, a massa de ego, de orgulho, “re-s-sentimento” ou mesmo de sadismo, por que não?

Não que ela seja a dona da verdade, longe disso, abstraio o que nela está enraizado pela diferença de gerações, seus conceitos e pré-conceitos. Mas o que faz dos seus os melhores conselhos é serem despidos desses sentimentos escusos. Poupa-me o tempo de separar o joio do trigo, poupa-me a desconfiança sobre a intencionalidade das palavras, poupam-me palavras carregadas de acessórios. Interessa-me o significado.

A vantagem da avó é poder amar sem a posse que uma mãe, via de regra, tem de sua cria, sem o gozo do filho que vem suprir seus buracos. A minha avó sabe amar em liberdade, um amor que não aprisiona, não sufoca, não quer engolir, não faz do objeto desejado a sua vítima.

Imagine tentar – em vão – sonegar carinho, para que seu neto não sofra caso venha a faltar. Isso, para mim, é amar sem acorrentar. E sobre o deslize embutido nesse ato, alguém já disse “Qualquer erro por amor será perdoado”.

Nem entro no mérito de sua função nesta vida, de sustentar o peso encravado para manter unida uma família, de superar o que parece insuperável e seguir a vida com dignidade, cabeça erguida. E com toda a loucura que lhe é creditada por todos, ainda assim ser a melhor conselheira.

É, tenho desconfiado que minha avó seja minha alma gêmea.