13 de abr. de 2010

Construção

- Karol Felicio

E quando eu olho meu coração [nessa caixinha confortável] já se acalmando pela rotina dos dias – às vezes chatos - pelo “bom dia” e pelo “bom trabalho”, pelo “boa noite” e pelo cuidado, por aqueles dias nublados e todos os dias corridos no calendário, aqueles que voam e os que se arrastaram... Aí vem você - e me engole - com esse sorriso largo, com seus dentes brancos, com seus atos falhos, com todas as suas sardas e todos esses braços. Aí vem você com esse seu abraço. Abrindo aquele vão na espinha, aquele frio gelado. Com todos os seus beijos, com meu descompasso. Vai preenchendo aos poucos todo esse seu espaço, vai me renascendo sem ter me matado, e fortalecendo o que nunca foi fraco, me surpreendendo com um novo ato, um transbordamento em continuidade. Especializou-se em contradizer o tempo da ciência a validade da paixão. Vai me ensinando o que é amor de fato. Vai fixando esse olhar exato - e nos entregamos e nos derretemos e nos derramamos. Meu olhar responde. A gente já pressente esse novo passo.