16 de dez. de 2007

Olhares

- por Karol Felicio

Olhares de poucos segundos

Como o lateral, da garota dos drinks, olhos de pecado. Contornados de tinta negra, segundos de sedução.

Ou o casual, frontal, claro e doce. Resgate de infância, segundos maternais.

Os segundos mais cruéis no olhar do desprezo, seco, frio, duro. Olhos de dedo em riste, segundos antes da despedida.

Olhos d’água, do amor incondicional, necessitado, eterno, em desespero, à espera. Doloridos segundos em que não pude retribuir.

Olhos para o fundo do poço, para o fim que não tem, para portas fechadas e a luz queimada no fim do túnel. Olhar gelado de medo. Segundos pós-trauma.

Nos segundos em que se perde do tempo e de tudo mais que havia em volta.

A pausa do cérebro para sentir a porrada na boca do estômago, o elevador – 1000m/s- do pé ao cabelo. Segundos de prazer ou dor.

Todo o tempo do mundo em breves segundos por intensos olhares.

14 de dez. de 2007

Perfeição

- por Lívia Francez

Diz meu nome
Preciso ouvir de você
Fica muito mais doce,
Muito mais claro,
Conforta a alma

Sussurra-o
Para que eu sinta a brisa
A suavidade de tudo o que ele quer dizer

Agora só me olha nos olhos
Parados, entro pela sua retina.
Azul, é tudo o que vejo dentro de você

Claro, brisa e azul
Dia de sol lagarteando
O espreguiçar de gato de manhã
Um doce depois do salgado
Perfeição

8 de dez. de 2007

Subo, desço, sigo

- por Karol Felicio

Subo ladeira com Lenine

Vento na cara
Suor gelado na nuca
Não escorre.

Passo forte, mente leve
Não paro
Acácias, bromélias
Dama-da-noite me chama, impulsiona
Pureza.

Em cada canto janelas sisudas de cortinas cerradas como dentes
Mais longe, mais acima,
Edifícios de costas nuas cheirando a Dior para camuflar o ranço
Luzes coloridas por toda parte
Loucura.

Desço ladeira com Lenine

Muito mais longe e bem mais acima
Num céu negro-azulado, satélites voyeur, estrelas fazendo amor transcendental, sigo com a lua
Sensatez.


De volta ao marco zero

Lenine emudece aos poucos

Tudo muda aqui dentro
Lá fora tudo igual.